Amarante possuiu um
riquíssimo folclore considerado pelo saudoso professor Noé Mendes, como um dos
mais puros do Brasil. Amarante recebe quase que diariamente visitas de pessoas
interessadas em pesquisar as manifestações populares que se apresentam
espontaneamente nas danças: Cavalo Piancó, no Pagode, especialmente o do Mimbó,
nas Doze Danças Portuguesas, Rodas de São Gonçalo e de São Benedito, Coco
Peneruê, Danças do Balaio e das Peneiras, e muitas outras. Tem também as
narrativas e lendas contadas que são nos terreiros das casas da zona rural do
município.
Cavalo Piancó - Um dos destaques do
folclore piauiense é uma forma de coco que surgiu às margens do Rio Canindé,
local da tradição do plantio nas vazantes. Não se sabe ao certo a data do
surgimento e nem o autor desta dança popular genuinamente amarantina.
Atribui-se que o Cavalo Piancó é originário da comunidade Veredinha. Nos
arquivos dos grandes historiadores de Amarante, encontra-se registrado que nas
noites enluaradas, quando se vigiavam as plantações, rapazes e moças, para
afugentar o sono, entretinham-se com a brincadeira. Dançado aos pares,
cavaleiros e damas em círculo, imitando o trote de um cavalo manco. Os
cavaleiros trocam de damas e seguem o enredo dançando e cantando. O Cavalo
Piancó é conhecido em vários lugares do território nacional e exterior.
Divulgado nas grandes emissoras de rádio e televisão, nas importantes revistas
e jornais. Já se apresentou em outros Estados. Participou há mais de 30 anos
atrás de um festival de folclore do Norte e Nordeste do Brasil na Capital Maceió. Em 1982, o Grupo de Teatro “Nasi
Castro apresentou-se em São Luís, na 4ª Mostra de Danças do Norte e Nordeste,
no Teatro “Artur Azevedo”, com várias manifestações, entre elas o “Cavalo Piancó”. A atriz Zulmira Bezerra, a popular
Sibita, há longos anos, vem sustentando esta tão apreciada dança folclórica.
As
Doze Danças Portuguesas, folclore originado de Portugal. Em Amarante, tornou-se tradição há muitas décadas, geralmente
bem apresentadas nos momentos culturais de nossa cidade e nos encontros
folclóricos de outros lugares. A folclorista e atriz Sibita diz por aí afora
que As Danças Portuguesas, sempre foram bem representadas e muito aplaudidas,
especialmente nas apresentações em Teresina. Sibita, uma das maiores
colaboradoras da cultura de Amarante, ultimamente vem se preocupando com a
preservação de nossa riqueza popular, ela fala que é necessário mais incentivo
das autoridades governamentais.
Pagode de Amarante é uma cultura
rotineira, exibida tanto na zona urbana como na rural. O pagode de Amarante é
convidado a se apresentar em várias cidades da região, especialmente nos
grandes encontros culturais de Teresina, ultimamente representado pelo Pagode
do Mimbó. Esta cultura é originada do território africano, cantado e dançado
por escravos que viviam em Amarante. Hoje, todos participam desta cultura
milenar. Na realidade, o Pagode amarantino se destaca pela sua grandeza
animadora e beleza coreográfica e de compasso encantador. como “Gonçalo Urubu”. Não conseguimos a sua
letra. Em 1959 e 1960, com participações de pessoas de Floriano, foi encenada a
manifestação dos CONGOS, com grande aceitação. Em 1961, os irmãos Marcos e
Gonçalo Pio, que haviam participado desta brincadeira, levaram-na à festa do
Centenário da transferência da Sede da Freguesia e Vila de São Gonçalo, para
Amarante, por solicitação do Padre Isaac José Vilarinho (hoje, Monsenhor),
então vigário da cidade.
Reis de Careta – Cultura popular
secular de Amarante, especialmente na Zona Rural. Este folclore é apresentado
anualmente, do Natal ao Dia de Reis, 06 de janeiro. Há vários grupos no
município. Eles são formados com poucas personagens: um ou dois violeiros
cantadores; um batedor de pandeiro; dois homens com máscaras no rosto
(caretas), trajados de roupas velhas remendadas e até rasgadas, paletó preto,
gravata e chibata comprida. Eles são cômicos e incluem termos satíricos;
Burrinha - trata-se de um homem com um esqueleto de buriti enfeitado de papel de
cor rosa e espelhos, conduzido entre suas pernas como se ele tivesse montado no animal. Às vezes, há outra figura dramática que faz a
função de Maracanã ou Merequenen. Os Reis de Caretas cantam até por longas
noitadas em várias casas, havendo antecipadamente uma combinação. Sempre
acontece em suas exibições, participação de mulheres nas cantorias. No ato do
evento, os folcloristas colocam lenços nos ombros dos donos das casas e recebem contribuições em dinheiro.
O Reisado e as Pastorinhas
apresentavam-se em Amarante no fim de dezembro e começo de janeiro. O grupo era
composto de cigana, rainha e pastora. Dançavam nas residências com bailados e
belas
canções, acompanhadas da orquestra. Era formado por moças de nossa cidade que
participavam espontaneamente. Arrecadavam dinheiro para a Igreja Matriz de São
Gonçalo ou fins filantrópicos. Era bonito, romântico e divertido. Ainda hoje
essa tradição é mantida até com a participação de crianças.
Os
Marujos
foi um folclore trazido para nossa cidade por um senhor de São Pedro do Piauí que tinha parentes no Bairro Areias,
segundo o saudoso Francisco Félix da Silva (Chico Félix), pai dos irmãos,
Doquinha, Tetê, Verana, Reis e Manoel Felix. O popular Chico Felix disse ainda
para várias pessoas que este folclore veio de Fortaleza – Ceará. Os Marujos de
Amarante sempre foi representado pelo Bairro Areias por longos anos.
Este folclore foi esquecido por um período, mas, hoje estão resgatando esta
tradição.
Os
Congos -
Cultura popular que foi muita praticada em Amarante, durante anos através do
folclorista conhecidoReisado das crianças e adolescentes - Recentemente
resgatado por Maria das Dores Batista da Silva, a popular “Dora do Afonso da
Churrascaria Ipanema”. Um show de dança e cântico. Esse encantador folclore vem
se apresentando com sucesso em Amarante, graças à boa vontade desta incansável
amarantina, uma amante da nossa cultura popular. São 22 crianças e adolescentes
do sexo feminino que com competência revivem essa antiga cultura que se
encontrava esquecida. O reisado é composto de personagens: Ciganas, Rainha,
Estrela, Rosa, Cravo, Amor Perfeito (camponesa), Galegas (adoração do
presépio), Borboletas e do carneirinho, companheiro das Galegas. Apresentação:
06 de dezembro a 20 de janeiro. As baixinhas dão um show mesmo.
Bumba-Meu-Boi
ou
simplesmente O BOI. Era uma das mais animadas festas da cidade. Numa tarde de
final de semana se programava a morte do Boi. A multidão se aglomerava num
curral improvisado. Cedo da noite, farta comida para os convidados e em seguida
festa dançante com música ao vivo até o dia amanhecer. Registrado na memória do
povo e nos arquivos históricos de nossa gente, os “BOIS” de Antônio Ribeiro
(falecido), Paulo Pereira (falecido), popular Dinga (falecido), Pedro Gregório
(falecido) e o da Veredinha. Nestes últimos anos, esta tradição amarantina está
sendo apresentada, até fora de época, pelos populares Manoel Senhor e Afonso
Ti-ti-ti.
Roda de São Gonçalo é uma tradição
religiosa. Conforme os arquivos de NASI CASTRO, a letra desta cultura adquirida
pelo Padre Isaac Vilarinho (hoje Monsenhor Isaac), então vigário da Paróquia
de São Gonçalo, com Dona Maria das Dores da Anunciação – Dora do Geraldo Rezador
– e foi cantada por um grupo de moças na festa comemorativa do 1º Centenário da
transferência da sede municipal e paroquial ocorrida em julho de 1961.
Roda
de São Benedito - novena,
dança e cântico em homenagem ao Santo. Há
décadas uma tradição religiosa em Amarante. Depois dos atos religiosos, muitos
se organizam em roda para fazerem coreografia simples num ritmo bem marcado.
São formadas duas fileiras de homens e mulheres, para dançar e cantar com
acompanhamento de violas, em torno de um altar improvisado.
Dança
do Balaio -
Folclore, esquecido em Amarante. Foi muito exibida em apresentações culturais
escolares e em outros movimentos da nossa cultura, nos anos 70. O Balaio -
dança e música, abrange duas fases, a antiga que o nordeste, da Bahia ao
Maranhão, conheceu durante um século. E a posterior ou moderna, a partir de
1946, que atingiu todo o Brasil e se projetou no exterior. Em Amarante, a dança
foi apresentada pela primeira vez na
Unidade Escolar Luís Mendes, Bairro Areias, em 1970, através da professora
Iracema, diretora daquele colégio na época, com os ensaios da folclorista e
atriz Ely Sibita, que era inspetora da unidade escolar. Houve uma pequena
modificação na letra da música de O Balaio, executada somente por cânticos e
coreografia dos participantes, sendo que os dançarinos iam ao centro de
um em um, até que o grupo se reunisse.
Dança
das Peneiras -
Folclore adaptado em Amarante, baseado na Dança do Café. Não havia no Brasil,
nem mesmo em São Paulo, estado cafeicultor por excelência, uma dança que se
prendia ao círculo do café: plantio, carpa, poda, colheita. No entanto, sabe-se que agricultores paulistas
apresentavam uma dança que reproduzia as várias fases do plantio do feijão,
desde a aração de terra ao ensacamento (cereal). Depois, os cafeicultores a
improvisaram para a comemoração da sua colheita. A dança tornou-se
popular em Amarante, através das apresentações culturais em colégios da cidade.
Diz a folclorista e atriz Ely Sibita que houve uma ajuda da saudosa Ione
Silveira na música e letra do folclore, no momento, esquecido.
“Dança
da Rasteira”. A folclorista e atriz Zulmira Bezerra (Sibita)
conta que na década de 50, em Amarante, ocorria anualmente uma brincadeira
muito engraçada no Bairro Cajueiro, pronunciada como “Dança da Rasteira” e
“Tambor de Crioula”, comandada pela inesquecível amarantina Ovídia Maria
Feitosa, popular Santa Vieira. Tratava-se de um bailado com característica do
tradicional folclore Pagode de Amarante. Os dançarinos se movimentavam em pares
(homens e mulheres) com muito gingado e sapateado circulando um pau grosso
fincado no terreiro da casa da saudosa Santa Vieira, no qual havia um músico
sentado nele, cantava e tocava num tambor.
Qualquer distração dos dançarinos, as dançarinas aplicavam-lhes
“rasteiras” desconcertantes e, por diversas vezes, eles caiam esparramados no
chão. O público soltava longas gargalhadas e fazia chacota deles.
Dança
do Tiroli – Trata-se
de um bailado muito animado onde o sapateado se faz presente ao som de várias
músicas ao vivo através de sanfoneiro, cantores. Participação de jovens
dançarinos de vários os sexos. Uma espécie de quadrilha junina, parecida com as
“Danças Portuguesas”. Vale esclarecer que a acalorada dança foi vista no
município de Angical do Piauí pelo professor e folclorista amarantino, Raimundo
Dias da Costa. Ele adaptou outros ritmos e cânticos na Dança do Tiroli para um
grupo folclórico do povoado Conceição, Zona Rural de Amarante. Constantemente,
um grupo folclorista daquela comunidade se apresenta em manifestações culturais
da região. Segundo o saudoso professor Noé Mendes, a expressão cultural Dança
do Tiroli, é de origem indígena.
Coco
Peneruê -
Outra cultura popular de Amarante, esquecida. Dança muito exibida na cidade na década de 70. Conhecida em outros lugares
do nordeste como Coco do Sertão. Folclore com característica dos Cocos antigos,
como sejam: formação em roda, sapateado, umbigada, colocação dos pares
vis-à-vis, aspectos estes comuns aos Cocos alagoanos. A dança tem movimentos
circulares ora apresentados pelos dançadores girando em torno de si, ora
descrevendo pequenos círculos entrelaçados, ora progredindo e girando ao mesmo
tempo, dando a impressão de roda viva, a movimentar-se incessantemente,
rodopiando e girando. Nesta versão de roda apresentada em Amarante, os
dançadores cantam o refrão e não há solistas.
Há vários grupos folclóricos no município de
Amarante, na Zona Urbana e Rural. Por exemplo: Grupos de Teatros: Nasi Castro e
Amarantus, que também apresentam danças folclóricas. No bairro Cajueiro há um
grupo que proporciona o “Cavalo Piancó Mirim”; Pagode Mirim e Grupo de
Pagodeiros do povoado Periperi; Grupo Folclórico das irmãs (professoras),
populares Mariquinha e Mundinha; Tiroli, Reisado de Careta, dançasapresentadas
por grupos dos povoados Conceição. Na comunidade Mimbó tem vários grupos de
danças: Dança de Rua, Reggae, Pagode e Dança Afro.
Carnaval
antigo -
Os registros dos historiadores apontam que o carnaval antigo de Amarante
era uma brincadeira grosseira. Por volta de 1923, essa festa popular foi
melhorando nas atitudes dos foliões. Nesse
período, no jardim da praça da matriz, hoje Praça Padre Virgílio Madeira, houve
uma batalha de confete, serpentina e lança perfume, foi um sucesso. “No domingo
antecedente ao carnaval, à noite, apresentava o Zé Pereira. Senhores, rapazes,
senhoras e moças da sociedade, usando roupas antigas, saiam em grupo, montados
em jumentos, de costas para a cabeça dos animais, portando lanternas feitas de
buriti, forradas de papel de seda com velas acesas dentro. Participavam
do grupo com uma orquestra percorrendo as principais ruas da cidade, tocavam e
cantavam”.
Carnaval
atual –
Nestas ultimas três décadas o carnaval de Amarante tomou outra direção. Em
julho de 1997, o Bloco carnavalesco Prabadalar, ligado ao Jockey Clube,
promoveu na Avenida Desembargador - Centro, o primeiro carnaval fora de época denominado de MICARANTE. Foram duas
noitadas de grande público e muita animação. No mesmo mês e local, a Prefeitura
Municipal de Amarante, governo de Dr. Adoniais Prestes, promoveu a AMAFOLIA.
Particulares estão mantendo anualmente, no mesmo período e lugar, o carnaval fora
de época. Em 2010, esta festa popular, aconteceu na Avenida Dirceu Mendes
Arcoverde – Centro. No 2º governo de Dr. Miranda (2002 a 2005), com o
incentivo do professor Virgílio Queiroz, na época, Secretário Municipal de
Cultura, a prefeitura deu início ao patrocínio anual do carnaval de período
tradicional na Avenida Desembargador Amaral para todas as classes sociais: 04
bailes noturnos e dois vesperais (baile das crianças). A partir da prática
desse evento popular em vias públicas, o habitual carnaval dos clubes, foi
extinto.
LIVRO: AMARANTE,
PERSONALIDADES E FATOS MARCANTES
AUTOR: Luís Alberto Soares (BEBETO)
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